Semaglutida falha em estudos clínicos para tratamento da doença de Alzheimer
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Fabiana C. V. Giusti, PhD; Sara Tolouei, PhD e João B. Calixto, PhD
11/25/20251 min read
Os agonistas do receptor de GLP-1, como a semaglutida, revolucionaram o tratamento da obesidade e do diabetes, despertando grande interesse quanto ao seu potencial para o tratamento de doenças neurodegenerativas. No entanto, resultados recém-divulgados de dois ensaios clínicos de grande porte - evoke e evoke+ - demonstraram que a versão em comprimidos da semaglutida não conseguiu desacelerar a progressão da doença de Alzheimer em pacientes nos estágios iniciais da doença.
Os estudos, patrocinados pela Novo Nordisk, incluíram cerca de 3.800 participantes acompanhados por dois anos. Eles receberam diariamente até 14 mg de semaglutida ou placebo. Apesar das expectativas, não houve diferença entre os grupos na principal medida clínica do ensaio, o Clinical Dementia Rating - Sum of Boxes (CDR-SB), que avalia cognição e funcionalidade. Com isso, a empresa cancelou a extensão planejada dos estudos. Ainda assim, alguns marcadores biológicos da doença apresentaram melhora, embora a empresa não tenha divulgado quais.
A iniciativa se baseava em evidências prévias de que medicamentos GLP-1 poderiam prevenir processos neurodegenerativos. Estudos em animais mostraram efeitos protetores sobre neurônios, e dados populacionais sugeriram menor incidência de Alzheimer e Parkinson em pessoas que utilizam esses medicamentos para diabetes. Ainda assim, especialistas reconheciam o desafio de frear uma doença já instalada - dificuldade também observada recentemente em um ensaio com exenatida para Parkinson.
Pesquisadores envolvidos destacam que, mesmo com os resultados negativos, os ensaios fornecerão dados valiosos. Entre os pontos de interesse estão os potenciais efeitos anti-inflamatórios da semaglutida no cérebro e a possibilidade de dissociar seus benefícios metabólicos dos efeitos sobre o sistema nervoso central. O grande número de participantes sem diabetes ou obesidade também deve ajudar a esclarecer mecanismos de ação ainda pouco compreendidos.
Embora o impacto direto sobre a doença de Alzheimer tenha sido frustrante, a comunidade científica considera o esforço importante: medicamentos seguros e já amplamente utilizados podem revelar novos caminhos para tratar doenças cerebrais complexas.


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