Abordagem baseada em redes celulares oferece nova esperança para o tratamento da doença de Alzheimer
AVANÇOS CIENTÍFICOS EM FOCO
Sara Tolouei, PhD, Fabiana C. V. Giusti, PhD e João B. Calixto, PhD
11/24/20252 min read
O que já é conhecido
O Alzheimer é uma doença multifatorial que afeta não apenas os neurônios, mas também as células gliais, como astrócitos e micróglias, responsáveis pelo suporte e defesa do tecido nervoso. Essa complexidade explica o fracasso de tratamentos que focam em alvos únicos, como as proteínas beta-amiloide ou a proteína tau.
O que o novo estudo demonstrou
Estudo publicado na revista Cell, liderado por Marina Sirota e colaboradores, apresenta uma nova abordagem terapêutica baseada em redes celulares e na reprogramação de genes para tratar a doença de Alzheimer. Os pesquisadores combinaram dados genômicos humanos e evidências clínicas do mundo real para identificar dois medicamentos já aprovados e identificaram o letrozol e irinotecano como uma potencial terapia combinada capaz de restaurar redes moleculares alteradas em diferentes tipos celulares do cérebro. Os autores integraram análises de transcriptomas de núcleo único (snRNA-seq) de cérebros humanos pós-morte, bancos de dados de perturbação gênica por fármacos e registros médicos eletrônicos de mais de 10 milhões de pacientes.
A triagem computacional indicou que o letrozol, usado contra o câncer de mama, reverte alterações gênicas em neurônios, enquanto o irinotecano, empregado no tratamento de tumores colorretais, corrige redes desreguladas em células gliais. Resultados clínicos mostraram que pacientes expostos a esses medicamentos apresentavam risco significativamente menor de desenvolver Alzheimer. Em modelos murinos de doença de Alzheimer que combinam a presença de proteína beta amiloide e tau, o tratamento conjunto das duas drogas melhorou de forma marcante a memória e reduziu a deposição de placas, a fosforilação de tau e a inflamação glial — resultados superiores aos obtidos com cada fármaco isolado.
Análises de transcriptoma de núcleo único em animais tratados com os dois medicamentos revelaram que a terapia combinada reprograma genes e ativa vias neuroprotetoras específicas de cada tipo celular, restaurando o equilíbrio entre neurônios e células de suporte.
As conclusões do estudo
O estudo demonstra que estratégias terapêuticas dirigidas por tipo celular e baseadas em redes de genes humanos podem representar um novo paradigma para tratar doenças complexas, como o Alzheimer, e abre caminho para a medicina de precisão apoiada por inteligência artificial e dados clínicos populacionais.


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